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quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Há um lugar de vitória para sua família, creia!

 E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o SENHOR o encontrou, e o quis matar. Então Zípora tomou uma pedra aguda, e circuncidou o prepúcio de seu filho, e lançou-o a seus pés, e disse: Certamente me és um esposo sanguinário. E desviou-se dele. Então ela disse: Esposo sanguinário, por causa da circuncisão (Êxodo 4. 24-26; Fiel).

    O texto acima parece cair de pára-quedas e ficar meio que sem ligação com o resto que passou e a história que ainda segue. Moisés havia tido um encontro maravilhoso com Deus na sarça ardente e, depois de muita relutância, Deus o impele ao Egito para libertar os hebreus da escravidão. Nada mais estranho, nada mais contraditório do que ver Deus, repentinamente, ir ao encontro de Moisés no caminho do deserto para colocar todo o seu acordo com ele a perder, intentando matá-lo!


Mas creia que o deserto pode ser um lugar de encontro

preparado por Deus para toda a sua família!


    Foi no deserto que Deus estabeleceu uma aliança com Hagar e seu filho, socorrendo eles na sua aflição e morte certa!

    No deserto do Sinai, Deus sela a aliança com o povo liberto do Egito!

    É no deserto que Deus levanta a serpente de bronze que livrou da morte o povo de Israel.

    No deserto de Em-Gedi, Deus entrega nas mãos de Davi Saul, o seu perseguidor!

    Em Isaías 43.19, o povo escravizado pela Babilônia, é neste deserto que Deus promete colocar um caminho de libertação!

    É no deserto que a voz de João Batista deveria clamar para preparar o caminho do Senhor!

    Foi no deserto que Jesus travou batalha contra Satanás e suas tentações e saiu vitorioso!

    É no deserto que Deus prepara para a igreja um lugar de proteção contra Satanás (Ap12.6)!


Deus mesmo preparou um lugar de encontro

no deserto para nos convidar a uma Aliança eterna com a nossa família!


    Nesse deserto, Deus poderá nos chamar para uma aliança com as nossas famílias. Essa aliança contém duas exigências:


    1ª) A Aliança de Deus exige a santidade!

    Deus matará Moisés, se este não for vaso santo em suas mãos. Será que Moisés não era circuncidado? Pois, assim que nascera, havia sido mantido escondido por sua família das vistas dos egípcios e depois foi criado na corte do faraó. E seu filho Géferson, já haveria sido circuncidado? Neste momento específico, na noite daquela estalagem, o que aquela pequena família sabia acerca do ensino bíblico, que , desde Gn 3:21, nos ensina que sem derramamento de sangue não podemos nos aproximar de Deus?

    Creio que Moisés tardava em fazer a circuncisão, Moisés era negligente em marcar seu filho com o sinal visível da aliança. E Deus mostra que a sua Santidade não permitirá que mesmo Moisés sobreviva sem o sinal da separação. Ser santo é ser separado para Deus. O Deus de Moisés quer separá-los para que eles sejam obedientes em todas as coisas.

    Perceba a cena: estamos falando de um povo de escravos, distanciados de seu pacto com Deus, que fora firmado com Abraão, há mais de 400 anos; escravos acostumados à pluralidade dos vários deuses egípcios e suas frouxidões morais, agora, porém, esses mesmos escravos confrontam-se com um Deus moral. Um Deus moral que estava chamando para o pacto aquele povo de escravos que viviam no meio da imoralidade pagã. Um Deus santo e puro, um Deus moral que não pouparia o próprio servo escolhido se esse não obedecesse aos estatutos da sua lei.

    Leia Gen. 17. 1. “Anda na minha presença e seja perfeito”, diz Deus a Abraão na instauração da circuncisão. Leia, ainda, Gen 17. 10. "Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado". Há um selo da aliança com Deus.

    É importantíssimo lembrar que, durante o fato histórico dessa noite no deserto, noite dramática para a família de Moisés, sequer o livro de Gênesis havia sido escrito e que Moisés está há mais de 4 séculos distante da aliança revelada ao patriarca Abraão! Há quase 400 anos o povo de Abraão está escravizado. O que é essa aliança para o povo, senão uma distante história da tradição oral de seus antepassados? Mas Deus intervirá nessa situação e mostrará quem é o Deus de Abraão, Isaac e Jacó! É preciso que o povo saiba quem é esse Deus, mas, antes, é preciso que o próprio Moisés e sua família tenham um encontro com o Deus vivo.

    Leia Gen 17.14. "E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança". Sim, Deus matará o seu eleito se esse não cumprir com a sua responsabilidade espiritual dentro da sua casa! Compare com os versos 21-23. "A minha aliança, porém, estabelecerei com Isaque, o qual Sara dará à luz neste tempo determinado, no ano seguinte. Ao acabar de falar com Abraão, subiu Deus de diante dele. Então tomou Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos na sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo o homem entre os da casa de Abraão; e circuncidou a carne do seu prepúcio, naquele mesmo dia, como Deus falara com ele".

    Moisés é um incircunciso e também seu filho. A circuncisão é o selo visível da santidade do povo de Deus; o selo que sinalizava a separação daquele povo para o serviço do Deus de Abraão, Isaac e Jacó!

    Qual é a responsabilidade espiritual que você não tem cumprido dentro da sua casa, com a sua família? Como Moisés, será que nós estamos tratando a Palavra de Deus como histórias distantes, muito longe das nossas realidades? Será que nós acreditamos na Palavra de Deus e a pregamos aos nossos filhos e às nossas esposas? Temos vivido diariamente em santidade como manda a Palavra de Deus dentro de nossas casas? Temos desejado de coração andar na presença de Deus e alcançar a perfeição? E o mais importante, há em nossa casa, a marca dessa circuncisão, este derramamento de sangue que nos permitirá nos aproximarmos de Deus?

    Mas, essa aliança tem uma segunda exigência:


    2ª) A Aliança de Deus exige uma fé que obra!

    “Noivo de sangue ou noivo sanguinário”. Estranho texto, no qual, no hebraico, o nome de Moisés não aparece, sendo designado apenas por referência. Os únicos nomes próprios são de Deus e de “Tsiporá”. Estes, assim, saltam como personagens principais dessa passagem, na qual Deus intenta matar Moisés.

    E, como vimos, em Gn 17. 14, o incircunciso seria eliminado do povo. Não se pode ser negligente com os mandamentos do Senhor e, provavelmente por negligência, Moisés, que já não era circunciso, também não circuncidara seu filho.

    O que vemos na cena de Ex. 4 é a circuncisão do filho de Moisés, mas, também, a circuncisão figurada do próprio Moisés, quando “Tsiporá” encosta nos genitais do seu marido o sangue da circuncisão do seu filho. Sim, no texto hebraico, o termo usado designa os órgãos genitais de Moisés (רגל, regel, reh'-gel), mas na tradução, preferiu-se o eufemismo de “pés”, assim como provavelmente teria ocorrido em outras narrativas bíblicas como na história de Rute e Boaz na eira ou, ainda, na visão de Isaías dos Querubins.

    Zípora, uma pagã, filha de um sacerdote pagão, finalmente vê-se num encontro face a face com Deus, o Deus verdadeiro, o Deus do seu esposo. Veja que situação dramática: Moisés sendo flagelado por Deus por causa de sua negligência, por causa de sua fé vacilante, por frouxidão moral, e sua esposa, uma desconhecedora desse Deus, diante da crise de perder o marido, converte-se e, numa atitude de fé, faz o que Moisés até então procrastinara: circuncidar o próprio filho! Zípora, ao lado de Jó, passou a conhecer Deus, não por ouvir falar, mas porque este a visitou naquela terrível noite na hospedaria do deserto.

    Deus usa a fé vacilante de Moisés para mostrar à jovem Zípora a realidade e singularidade do Deus de Abraão, Isaac e Jacó.

    Ao iniciarem viagem deserto adentro, havia um homem de fé titubeante, uma mulher pagã e um filho incircunciso. Todavia, o que chegou ao Egito, saído do deserto, foi uma família completamente separada para o que viria a ser uma das maiores histórias de todos os tempos!

    Deus é Santo. Logo antes de estabelecer o selo da aliança com Abraão, Deus exige que seu servo seja nada menos e nada mais que perfeito (Gn 17.1).

    Aquele povo de escravos e “Tsiporá” estavam acostumados à promiscuidade dos deuses pagãos, estavam com suas mentes moldadas por aquelas culturas diabólicas, contudo, nós também nos encontrávamos outrora escravizados neste mundo pagão. E fomos libertados. Mas Deus ainda exige de nós, como o fez com Abraão e Moisés, que andemos com Ele e tenhamos nova postura de vida e que esta vida seja marcada por um sinal externo, a nossa circuncisão batismal. A circuncisão do coração que se renova a cada dia! Deus não nos poupará se não tivermos fé e se não formos santos, se não crermos e se não estivermos, verdadeiramente, separados para Ele. Mas seria essa separação possível de nós mesmos fazermos? Sinceramente, eu creio que as duas exigências para podermos participar (fé e santidade) da Aliança de Deus são IMPOSSÍVEIS de eu mesmo gerá-las na minha vida.


Mas a boa-nova é que

tanto a fé como a santidade são obras exclusivas do Espírito Santo,

assim, o que é impossível aos homens é possível para Deus. Aleluias!!!


    O caminho para participarmos da aliança de Deus tem que passar pela fé (Zípora) e pela santidade (Moisés). E esta experiência de conversão só será possível pelo derramamento de sangue – não mais o derramar do sangue do prepúcio – o derramar do sangue do cordeiro na cruz do calvário.

    Deus quer levar você e sua família para Sua aliança, mas o deserto pode ser o lugar preparado para esse encontro. O deserto é doloroso, é árido, repleto de desafios… Mas o deserto pode ser um lugar de vitória para a sua família!

        Fábio Ribas

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